Entrevista de Lauri para a Rockoon
06/12/2009 10:39Hoje vou colocar aqui a tradução da entrevista que foi publicada na revista alemã Rockoon, de Dezembro de 2009.
Rockoon: Com o "Best Of" lançado, vocês comemoram 15 anos de The Rasmus. Como podemos imaginar o Lauri como um estudante?
Lauri Ylönen: Ah, essa é uma boa pergunta. Eu acabei de vasculhar fotos de infância na casa da minha mãe. Uma revista precisava de algumas fotos antigas para o show que faremos na escola no nosso aniversário, e eu encontrei algumas fotos velhas da escola também. Nós tínhamos esses livros do ano, que incluem fotos de toda a classe, e eu usava um corte de cabelo louco em quase todas as fotos. (risos)
Mas muitas vezes usava uma camiseta do Metallica, isso era constante. Em nossa panelinha, muitas vezes, fizemos coisas loucas. O estilo atraente era apenas uma parte dela. Mas tenho que ressaltar que todos nós fomos alunos muito bons. Que não se ajustavam à maioria dos professores. Nos momentos de lazer, fazíamos snowboarding e skateboarding - não havia nada tão bom quanto isso para nós.
R: Você teve que desistir dessas atividades esportivas pelo The Rasmus?
LY: Pelo menos eu tive que reduzi-las. Mas, se tivermos a chance, podemos fazer snowboard ou skateboard. No verão passado, eu tentei praticar o skate e meu ombro direito foi deslocado. Ótimo, né? Algo que nunca havia me acontecido antes.
R: Você viveu sua vida inteira em Helsinque. Você foi feliz em não crescer na solidão finlandesa?
LY: Depende. Quando eu ainda morava com meus pais, ficávamos fora de Helsinque e lá era muito calmo. Mas posso lembrar claramente como nos sentimos quando eu e nosso baixista, Eero Heinonen, nos mudamos para o nosso primeiro apartamento na cidade de Helsinque. O apartamento era apenas uma sala, apenas 20 metros quadrados, e não tinha chuveiro e nem banheiro. Havia apenas um banheiro no corredor para o andar todo, mas isso não importava para nós, na maior parte do tempo, e usávamos a pia para fazer xixi. Eu sei, muito nojento, mas nós tínhamos 17 anos e isso tudo não importava para nós. (risos). No entanto, fomos crianças “legais”, pois fomos os primeiros que saíram de casa, de modo que haviam muitas festas... uma época caótica.
R: É fácil se imaginar nessa situação. Você sempre gostou de viver na Finlândia? Mesmo antes que você pudesse visitar o mundo inteiro com The Rasmus?
LY: Na verdade, sim. Está certo que eu aprendi a apreciar muito mais a Finlândia depois que começamos a viajar, mas eu sempre gostei deste país. Eu amo as estações claramente definíveis. No verão você pode andar de skate e quando o verão está chegando ao fim, você pode esperar para fazer o snowboard. Eu gosto de longas noites de inverno, quando amanhece às 3 horas, mas também aprecio os longos dias de verão, quando o sol por pouco não desaparece.
Los Angeles, por exemplo, onde é quase sempre o mesmo clima, eu enlouqueço. Claro que, como adolescentes, queríamos sair da Finlândia e ir para Londres festejar. Mas tão emocionante quanto era - aqui é o lugar mais bonito.
R: Logo após a formação da banda, você decidiu abandonar a escola pelo The Rasmus. Foi uma decisão difícil?
LY: Com certeza, foi uma decisão muito difícil! Naquela época, eu estava em uma escola de música respeitável, que só aceita um número limitado de candidatos. Claro que meus pais tinham uma grande expectativa de uma carreira lá, mas não funcionou tão bem como antes. Nós já tínhamos uma certa popularidade aqui na Finlândia, fizemos shows e ganhamos disco de ouro pela primeira vez. Eu me sentia frequentemente cansado e não conseguia me concentrar na escola e, finalmente, vieram as consequências... Eu teria que lamentar se eu não tivesse feito isso, pois eu achava que poderíamos ter sucesso com a nossa banda. E eu estava certo, afinal. Felizmente eu também pude convencer meus pais, caso contrário, teria sido difícil. Mas, como meu pai sempre sonhou com a sua própria banda, não foi tão complicado.
R: E como você se acostumou com à vida de músico profissional? Se que é possível se acostumar com isso...
LY: Nenhum de nós é um verdadeiro músico profissional. Portanto todos nós não temos talento (risos). Nós combinamos a felicidade, nos divertindo tocando juntos e é essa energia que temos. Continuamos respeitando muito isso e estamos felizes por podermos passar por isso juntos, como uma banda. Por um lado, é melhor compartilhar o sucesso, por outro lado, você pode sofrer com as diversidades. Bem, não se pode aprender a tocar em uma banda de rock.
R: Você tinha outra aspiração de carreira na escola?
LY: Não, eu tinha certeza que eu iria fazer algo com música. Afinal, eu estava em uma escola de música. Eu sempre quis tocar em uma banda porque a música já me deu muita força como ouvinte. Talvez seja mesmo culpa dos meus pais que eu tenha deixado da escola, já que foram eles que me mandaram para ter aulas de piano.
R: Apesar das altas expectativas, foi uma coisa boa quando criou sua primeira banda?
LY: Sim, mas primeiro apenas tocávamos versões cover do Nirvana e do Metallica. Isso foi bom, mas não é o verdadeiro negócio. Começou mesmo quando escrevemos a nossa primeira música própria...
R: Qual foi a primeira música que você escreveu?
LY: Foi “Myself”. Naquela época eu tinha 15 anos e o refrão diz apenas: "Eu não posso ser eu mesmo". Por um lado, o típico "medo adolescente", por outro lado, eu me sentia exatamente assim quando eu tinha 15 anos. À propósito, vamos tocar essa música no nosso concerto de aniversário no ginásio da nossa velha escola. É um sentimento estranho, pois eu era uma pessoa muito diferente daquela época.
R: Como começou a idéia de tocar um concerto no mesmo ginásio em que você teve seu primeiro show?
LY: Eu tive a idéia pois eu apenas pensei que seria legal tocar lá depois de todos esses anos, onde tudo começou. Então eu liguei para o diretor, o que foi bastante estranho, porque, há 15 anos, não havia ninguém que eu não quisesse convidar (para um show), a não ser ele (risos). Primeiro, o diretor não queria acreditar que era realmente eu que estava falando, mas finalmente consegui convencê-lo. Vai ser divertido - Convidamos um público daquela época e também iremos tocar uma ou duas músicas antigas. Só espero que esse show seja melhor, pois há 15 anos, pulávamos loucamente no palco e, por causa disso, acabávamos nos ferindo enquanto tocávamos.
R: O último álbum "Best Of" e este show na escola é uma boa razão para olhar para trás em sua carreira. Quais as partes que se destacam mais pra você?
LY: Um evento muito importante que aconteceu há não muito tempo depois que formamos a banda: tivemos o apoio do Red Hot Chili Peppers e pudemos nos apresentar para milhares de pessoas. Após este show tivemos a certeza que queríamos fazer isso para o resto de nossas vidas. E, após alguns anos desde que fomos bem sucedidos na Finlândia, aconteceu com "In The Shadows". Esta música foi o evento mais importante na nossa carreira...
R: ...e uma das canções de maior sucesso da história da música finlandesa. Como foi pra vocês o fato do hit "In The Shadows" estourar em todo o mundo?
LY: Foi totalmente caótico e aconteceu tão rápido. A canção foi lançada em todo o mundo ao mesmo tempo e foi um impacto. Primeiro,ficamos felizes pela boa posição nas paradas e comemoramos por horas. Com “In The Shados” recebemos muitas mensagens de texto: o número um na Alemanha, na Polónia, onde quer que fosse. Nós não podíamos parar, até porque estávamos em turnê na época e tivemos que nos conduzir para não tirar os pés do chão. Claro que isso é relativamente difícil quando foi dito a você, aproximadamente 15 minutos antes do show, que o single estava vendendo um milhão de cópias até aquele momento. Isso foi um pouco além da nossa imaginação. Hoje eu desejo poder viver isso outra vez para que eu possa apreciá-lo mais intensamente.
R: Apesar de tudo o que vocês conseguiram, não perderam seus fundamentos e são caracterizados por não fazerem escândalos... Ou você apenas os esconde inteligentemente?
LY: É possível que nós apenas sejamos absolutamente chatos. Não, eu realmente sempre fui muito cuidadoso com a minha vida íntima e eu sou tímido por natureza. No entanto, não é necessário fazer um escândalo de mim mesmo na mídia como alguns finlandeses, pessoas populares, fazem. Eu gosto de deixar isso para as pessoas que precisam disso.
Fonte: ghostoflove.wordpress.com
Créditos à Diana da Comunidade The Rasmus Brasil.
———
Voltar